A minha casa tem se tornado, a cada dia mais, um território “baby-free”. Não tem berço, cadeirão, banheirinha, carrinho, paninho de boca, bodies, mordedor, chocalho ou protetor de quinas. O que sobrou mesmo são as chupetas dos meninos para a noite, a fralda noturna, a lembrança de uma região abdominal mais firme e as lembranças de quando os três eram bebês, é claro.
Quanto às chupetas, deixo nas mãos do Papai Noel, às fraldas noturnas, nas mãos de Deus e à barriga, hello, Dr. Hollywood! A verdade é que quando uma filha ensaia com sucesso, em caderninhos mil, a sua escrita espontânea e os meus filhos vem me atualizar sobre o SPFC e o Campeonato Brasileiro, cadê bebê???
São lembranças, muitas, boas e absolutamente cor-de-rosa, gente! Como é que pode? Há um tempo relativamente curto, eu era uma mãe fresca, tive gêmeos com uma diferença de tempo muito pequena com a minha mais velha e só lembro de como era bom e delicioso ter bebês em casa. Aquela alegria de brincar no chão o dia todo, bebezinhos gorduchinhos, bochechudos, simpáticos, risonhos, cheirosos, engraçadinhos. Quem disse que eu lembro dos choros? Das cólicas? Das noites em claro? Do meu cansaço? Do consumo altíssimo de fraldas descartáveis? De atividades intestinais explosivas a cada meia hora? Dos babadores encharcados? Lembro nada! Ou melhor, até lembro, assim meio nostálgica, com um sorrisinho de canto de boca, como se fosse tudo muito fácil e tranqüilo.
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Tenho 4 pessoas próximas que estão grávidas, devem ter combinado, engravidaram tudo no mesmo dia e os 4 bebês nascerão em janeiro. Dois meninos e duas meninas. Eu estou seriamente pensando em desistir do projeto férias de verão com as crianças e me voluntariar ao cargo de baby-sitter dos meus “quadrigêmeos” (vejam o nível da loucura!). O pior mesmo é ter que me controlar diante de estranhos e não pedir para carregar no colo aquele bebezinho lindo, que eu nem conheço, diga-se, só para ajudar aquela pobre daquela mãe tentando pagar as compras da farmácia, do supermercado e etc (vejam o nível da loucura 2!).
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De maneira geral e a muito grosso modo, dizem os psicanalistas que nós temos um HD interno que guarda todas as nossas lembranças, fatos, memórias e acontecimentos da vida. Sejam eles bons ou ruins, tá tudo lá, em pastas invisíveis, mas tudo lá. Ainda de maneira geral, é o conteúdo desse HD o grande responsável e “determinante” pelas pessoas que seremos, os traumas, fobias, somatizações e etc que teremos.
O meu vizinho de cima tem um bebê pequeno, bem do tipo que eu preciso me controlar para não agarrá-lo de tanta fofura quando nos encontramos no elevador (o bebê, não o vizinho). Pois esse moleque passa umas noites na maior inspiração, aos berros no volume máximo. E é nessa hora em que eu acordo suando frio e com o coração no nível bateria de escola de samba.
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Diz aí, não são bem espertinhos esses psicanalistas???
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9 comentários:
Oi Camila!
A memória é algo fantástico, lugar secreto de tesouros, existe tesouro tão grande quanto os filhos e os momentos que já passaram?! Não dá para mensurar! (sorrio)
Acho melhor você arrumar um emprego que trabalha diretamente com crianças até chegar os netos. (risos)
Tenha uma excelente terça-feira!
“Para o legítimo sonhador não há sonho frustrado, mas sim sonho em curso.” (JefhCardoso)
Convido para que leia e comente “O galo era um bode” em meu blog http://jefhcardoso.blogspot.com/
Abraço de um blogueiro navegante!
Por isso que amo a psicanalise e deito minha cabeça no divã há anos e penso que ainda tenho que deitar muito !!! Ai ai..
Não tenho lembranças como mãe, mas tambêm não posso ver um bebê que tenho que me controlar para não pegar no colo. Amo demais e não vejo a hora de ter os meus !!!
amo seu blog
Oi camila,olha aqui tem 2 bebes pra nascer em janeiro, eu não me importo de emprestar pra você se divertir e matar a saudades.. passa aqui quando quiser viu.
Bjus
Oi, Camila!
Adoro seus textos!
Estou com um primeiro bebê de quase 7 meses, louca para um segundo e último (louca mesmo!) E esse "último" já me deixa com saudades (louca de pedra!)
Nunca deixo estranhos segurar a Ana Clara, por medida de segurança. Mas se um dia nos trombarmos, pode deixar que passo ela pros seus braços, sem medo!
Bjs.
Pois é, o HD humano é poderoso! E mais poder ainda tem o tempo... Como passa rápido. Frase velha, de gente velha, ou só de gente... O meu tem menos de três anos e eu já morrrooo de saudades do bebê. E olha que cólica, por aqui, foram seis meses ininterruptos!
Mas, como disse, o tempo tem o poder. Poder de nos fazer guardar as coisas boas e esquecer as, digamos, nem tão boas. Ah, dizem que esperar demais para ter outro não funciona não é? Será o poder do tempo dizendo: melhor agora ou nunca mais? rs
Beijos
E só para constar, morro de inveja de você que tem 3, incluindo gêmeos!!! Será que engravido de dois na próxima???
Beatriz
www.maedacabecaaospes.com.br
Haha, otimo post, pq eu sempre digo, gravida e mae tem memoria curta. Toda vez que vou buscar a Manu no bercario escuto de alguma mae: aiii, que saudades dessa epoca. Saudades?? Ainda nao entrei nessa seara, por enquanto tento sobreviver a uma bebe. Bjs
É incrível como a gente só se lembra mesmo das coisas boas, das bochechas, dor sorrisos, da amamentação, da barriga linda se mexendo.
Deve ser por isso que a gente sempre decide ter outro filho, ai na hora que tem, se descabela. Passa uns anos, quando só as memórias boas ficaram, novamente, queremos outro, e depois outro... e depois outro! Até o dinheiro não dar mais!
Estou certa? Ou é só o forte desejo de ter mais filhos mesmo???
Beijo!
Camila, se oferecer pra pegar um bebê alheio no colo quando a mãe não consegue carregar tudo ao mesmo tempo não é loucura não! Da última vez que viajamos a BH, com duas crianças de colo, minha vizinha de poltrona fez justamente isso: se ofereceu pra pegar Margarida no colo enquanto eu arrumava a comida da Emília. Sou-lhe eternamente grata! Quem sabe, hem, um dia desses não aparece uma oportunidade pra você dar uma de anjo-baby-sitter??
Bendito filtro de memória, por conta dele continuamos a dar à luz.
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