
Bom, e essa história agora da lei da palmada? Eu já estava acompanhando o assunto, digerindo a matéria de capa da Revista Veja (obrigada, Veja!! Sempre boas pautas e grandes assuntos para serem comentados aqui!) antes de escrever algum post no blog.
A verdade é que me vieram milhares de pensamentos e idéias e ainda fico um pouco confusa sobre como me posicionar a respeito desse assunto. Mas, vamos lá, vou tentar.
Em primeiro lugar, acho que essa lei não vai pegar. Não entendo nada de como as leis são feitas e aprovadas, mas acho que é uma furada. Simplesmente, porque a fiscalização da lei e fazê-la valer, “pegar” realmente é muito difícil. Acho, o que é pior e mais triste, que ela pode virar uma arma poderosa nas disputas pela guarda das crianças, gerando uma exposição tão ou mais violenta que uma palmada.
Segundo lugar: tenho a impressão que a lei foi criada na intenção de não deixar passar nada, da palmadinha ao espancamento, visando a total proteção das crianças. A gente vive vendo casos terríveis de agressão às crianças, me gela a espinha só de pensar. Lembram daquela promotora maluca (
to say the least...), Vera Lúcia Gomes, que adotou uma menininha de 2 anos? Ela sofreu não apenas agressões físicas, mas verbais também. E qual é a lei que pode proteger crianças desse mal?
Humilhações, chantagens e xingamentos são formas (comuns) de agressão capazes de gerar danos terríveis nestes pequenos seres humanos ainda em formação. Dá para imaginar?? E quem fiscaliza e protege disso? Tem lei?
Mas, a discussão que a lei traz é boa. E polêmica. Porque, na verdade, é uma lei que quer interferir nas condutas de educação que as famílias brasileiras adotam em casa.
Caaaaalma, não estou justificando espancar o próprio filho dentro de casa e “tudo bem, o filho é meu, o problema é meu, lei nenhuma tem a ver com isso”, não é nada disso.
Mas a Veja levanta a questão da “palmadinha pedagógica”, adotada por muitas famílias.
Lembrem ou imaginem o seu bebezinho, com uns 8, 9 meses, engatinhando pela casa. Encontra uma tomadinha. Põe o dedinho. Mamãe diz “não”. Vai lá de novo. Mamãe repete: “nãããoo”. Mais uma vez. E, lá vem a mãe: “nãããããooooooooo!!!”. Uma hora cansa e a gente começa a contar até 1,367,098 para se acalmar, educar o bebezinho e evitar que se machuque. Em um caso como esse, a psicóloga Marilda Lipp, em declaração para a Veja concorda que “
o castigo físico aceitável e educativo é aquele que não machuca, apenas estabelece uma comunicação imediata e põe a criança em estado de alerta para entender o que é certo. (...) A palmada deve ser usada quando a criança se expõe a situações de perigo, não entende algo que já foi explicado verbalmente muitas vezes ou desrespeita e agride de maneira muito acintosa os pais ou outras pessoas. A palmada passa a ser um problema quando se torna a principal forma de comunicação dos pais com os filhos.”
Mais ainda, conversar e explicar é ótimo, mas segundo uma outra psicóloga, Jonia Lacerda, também consultada pela Veja, “
a criança de até 5 anos ainda não tem plena capacidade intelectual para entender conceitos abstratos. Para ela, a linguagem corporal, muito mais direta e clara que a verbal, pode ser mais apropriada em algumas situações”.
Imaginem só a mamãezinha explicando o caminho percorrido pela eletricidade, até chegar naquela tomadinha e eletrocutar o bebezinho insistente? Não dá, né?
Eu sempre fui muito contra qualquer tipo de agressão física, acho que não conseguiria dormir à noite, mas ao ler essa matéria da Veja, fiquei assim menos “horrorizada”. Isso não signifique que eu vá saindo por aí distribuindo “palmadinhas pedagógicas”, não é o meu jeito de educar, só que agora enxergo com outros olhos essa questão, a partir de justificativas claras e coerentes dadas por especialistas.
Aqui em casa, acabo tendo que chamar muito a atenção das crianças, especialmente para resolver conflitos entre eles. Quando eles se excedem, tiro da brincadeira o que mais aprontou, falo sério, mudo o tom de voz e deixo sentado ao meu lado no sofá, por exemplo. Procuro fazê-lo entender que esse tipo de comportamento não é aceitável e, se ele insistir nessa atitude perderá alguma coisa, no caso, o momento da brincadeira. Eles entendem. Funciona. Mas, volta a acontecer e lá vou eu fazer tuuuuuudo de novo.
Com a Manu, a estratégia é bem mais fácil. Como ela ama fantasias, coroas e vive fantasiada, quando apronta, chamo a atenção e digo que se voltar a acontecer, ela terá que tirar a fantasia. Ela vai lá e insiste, daí eu tiro a fantasia. Funciona que é uma beleza! Ela vira uma seda depois e não há nenhum tipo de agressão envolvido.
No fim, voltamos a questão do bom senso. Lembram? O
médico proíbe severamente o danoninho, para que assim a mãe da criança lhe dê apenas um no final de semana. O governo vem com uma lei dessas para evitar histórias bárbaras de agressão às crianças, mas uma “palmadinha” corretiva e pedagógica pode. Pode??
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