segunda-feira, 18 de julho de 2011

"O Conflito: a Mulher e a Mãe", Elisabeth Badinter

A Revista Veja de ontem (edição 2226, 20 de julho de 2011) publicou uma entrevista nas páginas amarelas da filósofa francesa Elisabeth Badinter, "uma das mais respeitadas estudiosas da maternidade", cujo título é "A mãe perfeita é um mito".

Confesso que nunca havia ouvido falar nessa filósofa, mas achei a entrevista muito interessante e acredito que ela seja bastante polêmica também, tanto que a Veja cita o seu novo livro "O Conflito: a Mulher e a Mãe", já best-seller na França e recém-lançado no Brasil, como um trabalho controverso. Citando as palavras da revista: "Badinter ataca um grupo de feministas que ajuda a consolidar no pensamento moderno e idéia de que toda mulher deve ser mãe - e perfeita."

Gostou?

Tem mais:

"Tento desconstruir um mito que vem se consolidando nas sociedades modernas com a participação de todos esses grupos - o da mãe perfeita. Movidos por ideologias as mais variadas, feministas, ecologistas e intelectuais que eu combato tratam de sedimentar no caldo cultural do século XXI a idéia de que, uma vez mãe, a mulher deve enquadrar-se em um modelo único, obedecendo a dogmas que, de tão atrasados, sepultam os avanços mais básicos trazidos pela industrialização. Estou falando de pessoas que torcem o nariz para as cesarianas e chegam a fazer apologias do parto sem anestesia, sob o argumento de que há beleza no sacrifício feito em nome dos filhos já no primeiro ato. Demonizam o uso da mamadeira e até o da fralda descartável. Para essa gente, as mães nunca devem estar indispostas para suprir as necessidades de sua prole. Essa pressão só causa frsutração e culpa nas mulheres."

Polêmico ao extremo!

Tem mais ainda:

"As mães que põem os interesses e as vontades dos filhos sempre acima dos seus são vítimas desse equívoco historicamente determinado. Essas mães acreditam que a dedicação incondicional pode ajudar a produzir uma criança perfeita, resultado dos incentivos constantes. Nada mais típico do grande equívoco atual, baseado numa interpretação exagerada da psicanálise, do que a idéia de que crianças devem ser poupadas de toda e qualquer frustração. Esse excesso costuma produzir efeitos colaterais desastrosos - tanto para a mãe como para a criança."

Curtiu? Já teve a oportunidade de ler a entrevista inteira? Não teve? Corre na banca e volta aqui pra gente conversar!

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26 comentários:

Unknown disse...

Elisabeth Badinter voce eh minha IDALA !!!!
Falou o que eu tinha de vontade de dizer mas com base cientifica digamos assim.
Vou correr na internet para ler.
Camila, obrigada por dividir este tema, pois nao leio Veja seguido.
Bj Carol P

Ana Paula - Journal de Béatrice disse...

Eu estou lendo...
Devo dizer que o livro é muito bem escrito, quanto polêmico. Badinter realmente me faz refletir alguns aspectos sobre a maternidade moderna-ecologicamente-correta, com o uso de fraldas lavaveis, parto domiciliar e que isso seria um retrocesso às conquistas feministas alcançadas com tanto empenho pelas mulheres.... Bem, o livro esta sendo otimo para eu refletir e sobretudo discordar em muitos aspectos, especialmente à amamentação.

Não tenho duvidas que este livro sera um bom alicerce (com boas bases de defesa) às mães que têm um ponto de vista definido (e que ainda não se convenceram) sobre o parto domiciliar, dedicação full-time ao filho (o que Badinter entende como mãe ser "escrava" do filho), etc. Bom para ambas as modalidades maternas.
Ainda não terminei de ler!
Beijos e obrigada pela info de que saiu a entrevista na Veja! Vou pedir para alguém encaminhar pra mim!!

Carol Passuello disse...

Amada, não só li como postei sobre isso hoje! Vou fazer um link pro teu blog também, para aquecermos a discussão!!
Bjs

Carol Garcia disse...

e então que vc e a carola vão me fazer correr na banca.
depois eu volto.

bjocas

Ju do Pinguinho da Mamãe disse...

Nossa... polêmico mesmo.
Vou me aprofundar mais.
Fiquei interessada.
Bjs
Ju

Patricia Cerqueira disse...

Oie. Tá boa?
Então, adoroe sse assunto. Até comentei no post da Carol no FB e vou reproduzir aqui.
"Tenho algumas sérias restrições quanto a Badinter. A Mary Del Priore, pesquisadora brasileira da condição feminina, é mais generosa com a mulher, inclusive porque conhece mais a nossa realidade. Acho que ela é menos amarga. Sinceramente, não encontrei mães escravas dos filhos. Conheço mães que amam seus filhos e estão bem cansadas de ficar 12 horas longe de casa, longe dos filhos e extremamente cansadas. Badinter deveria olhar com mais generosidade para o cotidiano feminino de dupla jornada, olhar com mais crueza para a mídia que impõe padrões inalcansáveis. Nós, mães, somos a parte fraca nessa roda. Acho cruel a Badinter descer a ripa em mães que lutam contra cesárea num país com índices de cesarianas tão absurdos quanto os brasileiros, assim como com os mais baixos índices de amamentação exclusiva. As reflexões dela podem até ser corretas, mas acho Badinter cruel. Ela só contribuiu para aumentar a culpa materna.
bjs
Patricia

Anne disse...

Vcs duas estão em simbiose! A Passuello falou dela hj tb!
Eu estou lendo o livro. Ainda tenho poucas opiniões, achava inclusive que ela nao era mãe, e descreditava um tanto dessas especulações que ela faz sobre o sentimento - respeito profundamente as questões sociais que aborda!

Mas quando o assunto é maternidade, a generalização pode ser bem prejudicial. Para mim cabe a opção de cada uma, as possibilidades, as escolhas.

Da mesma forma que nao concordo que julguem quem faz uma cesárea eletiva, nao gosto quando tratam uma mãe que opta por um parto sem intervenções como ser retrógrado.

Cadum, cadum, né?
Mas informação é tudo! Temos mesmo que conhecer ambos os lados para tomar nossas decisões...
Bjo

Unknown disse...

vou ler... ela parece um pouco radical, mas eu, como mãe, tendo também por esse lado... penso que as conquistas da medicina e da tecnologia estão a serviço do bom senso e do bem estar dos seres humanos.
Natalia. - calaepanda.blogspot.com

Renata disse...

Eu ontem comecei a ler um e-book dela entitulado: O Mito do Amor Materno.
Vou ler e te conto.

Beijao!

Bobby disse...

é digno dizer que tenho preconceito com a tal da elisabeth só porque 1. minha sogra também é francesa, 2. se parece com ela e 3. brigava comigo porque eu amamentava?
ai, sei lá, traumatizei.
beijos!!
roberta
piscardeolhos.net

Viviane disse...

Vou correr pra banca pois além de polêmico, o tema merece intensa reflexão.
Falei da Badinter em um post recente, que aborda o amor materno.
Volto já.

Vivi, do www.mamaeatomica.blogspot.com

Martha disse...

"a idéia de que, uma vez mãe, a mulher deve enquadrar-se em um modelo único, obedecendo a dogmas que, de tão atrasados, sepultam os avanços mais básicos trazidos pela industrialização. Estou falando de pessoas que torcem o nariz para as cesarianas e chegam a fazer apologias do parto sem anestesia, sob o argumento de que há beleza no sacrifício feito em nome dos filhos já no primeiro ato. Demonizam o uso da mamadeira e até o da fralda descartável."

Esse trecho que você postou está fora do contexto, só pode ser. Porque se ela, de fato, reproduz essa ideia, como posso ler, ela está ERRADA. Cesariana é bom quando há problemas envolvendo mãe ou bebê. Para se ter uma ideia, no Brasil, optar por parto normal e quiçá domiciliar é uma luta. Cesariana parece tornar-se obrigatório (90% da taxa de natalidade em hospitais particulares, por quê???), a mulher deve TER O DIREITO de decidir. Ora, se a cesariana se torna obrigatória, como ela pode ter esse direito?? Se eu não tivesse mudado de obstetra aos 5 meses, meu filho que teve uma volta de cordão teria sido mais um nascido de cesárea. Cordão laçado NÃO É indicação de cesárea. Não posso escolher??
E quando ela fala "dogmas atrasados", hein? o que é isso? Modelo único está sendo cesárea, mamadeira e fralda descartável. Me poupe, viu?? Se a mulher não tiver o direito de decidir aí que eu vou ficar de cabelo em pé. Quer usar fralda descartável? Paciência. Usei fralda descartável e de pano. Qual o problema??? Não usei mamadeira. Qual o problema??? Não tive anestesia no parto. Qual o problema???
Recomendo, a quem se interessar, um parto normal na água. As contrações DEIXAM DE SER SENTIDAS COMO DOR E PASSAM A SER SENTIDAS COMO PRESSÃO. É sério, aconteceu assim mesmo.
Modelo único?? Conto nos dedos quem teve o direito de ter o filho nascido assim...
Muito estranho tudo isso. Mas... citações assim podem ser polêmicas somente porque estão fora do contexto.

Celi disse...

Bastante interessante. Vou ler na internet para saber mais sobre o assunto, polêmico pelo visto.
Beijos. Que bom que voltou!

Vanessa Cavasotto Leite disse...

É interessante pra gente pensar e se reavaliar, mas acho que ela é radical para as radicais mesmo...não classifica toda mãe que se dedica integralmente aos filhos como escravas.
Tem gente que é meio escrava mas penso que mais de si mesma e suas ideologias do que dos filhos, certamente. Afinal todos temos escolhas.
A mim a Badinter não fez nem cosquinhas, mas deve ter gente idolatrando e outras detestando por ai.
Beijos!

Kelly Marinho disse...

Oi Camilla,esse tema merece,no minimo,uma intensa reflexão.pois me indentifiquei com muitas questões que a autora retratou,como a de o parto normal ter virado quase uma obrigação,eu por exemplo,não tive condições de ter parto normal,por outro lado,mães que amamentam seus filhos até o leite secar,ou que abandonam carreira(como eu)não devem ser vistas como escravas de seus filhos.

Milenna disse...

Adorei o post Camila. Vou comprar o livro tb!
E a propósito, conheci a Mariana Pedro e qdo ela descobriu q eu era sua seguidora e "fã", ela riu, pq te conhecia e falou um mte de vcs. Qdo for a SP, vamos ver se nos encontramos para nos conhecer e pra vcs se reverem.
Bjos.

Renata Senlle disse...

Estou lendo o livro dela! Ela é polêmica, sim. Mas o livro está sendo um ótimo aliado, quase como um afago no coração dessa mãe que vos fala e que volta ao trabalho amanhã!!
Estou adorando a leitura, embora eu ache algumas posições bem radicais, mas fomentam uma discussão mais embasada sobre "a mãe ideal dos dias de hoje" (que é sempre a vizinha, óbvio!) :)
bjks

Ilana disse...

Camila, que isso aí dá pano pra manga, ah dá...
Vou lá dar uma roubadinha na revista da minha mãe antes de formar minha opinião.
Bjo

Cris disse...

Esse é um assunto para infinitas discussões... já tinha lido trechos desse livro em outra reportagem. Concordo com a autora sim que existe um mito da mãe perfeita que só serve para nos frustrar, pois nunca chegaremos lá. E pra mim o que conta é a boa intenção e o bom senso - cada família é única, cada mãe é única, cada filho é único, com amor, informação e moderação é possível fazer o melhor.

Beatriz Zogaib disse...

camila, com certeza vou ler a entrevista e o livro, até porque acabei de postar texto que fala sobre nossas escolhas e como é fundamental fazê-las de coração para estar bem consigo mesma. Mas, à primeira vista e pelo que li de quem está lendo a "obra", tem exageros aí hein? Como disse Ana Paula, é bom ler para ter suas próprias opiniões, seja lá qual for e não para concordar com essa "Gênia" que me parece mais feminista das antigas e não maternista (escrevi sobre isso semana passada tb).
Se vc e outras se interessarem, leiam lá esses dois posts no meu blog e vamos discutir mais sobre isso...
abs
Beatriz
www.vidadamami.blogspot.com

Gisela Blanco disse...

Pelo jeito o livro é obrigatório. Tb quero ler pra comentar melhor, mas adoro o assunto, adoro a discussão.

Estamos voltando às nossas origens ou não? De um jeito melhor ou até pior? Eu acho que essa onda de naturalismo exagerado das mães de hj (tenho mto contato com várias delas, por um acaso) pode ser sim bem prejudicial e anti-feminista. E perigosíssima.

Por enquanto, só posso concordar com o equilíbrio.

Vou te linkar no meu blog!

Maternidade Multipla disse...

Concordo com o raciocínio de Elisabeth Badinter!!!

Acho que am mulheres modernas não estão preparadas para dividir sua vida profissional com a maternidade, sem se sentirem culpadas!!!!

Minha experiência como mãe de trigêmeos de 2anos e 8meses e como médica, foi muito difícil no início!!!

Mas as coisa boas superam (e muito)as dificuldades e a vida vai tomando seu rumo normal!!

Viver sem culpa é difícil, mas temos sim que escolher o melhor pra gente e para nossos filhos - somente sendo felizes conseguire-mos criá-los bem e com amor!!

Parabéns pela linda família!!

Soraia Casanova

Gisela Blanco disse...

Rá! Escrevi sobre o assunto também e te linkei lá no meu post: http://maegeek.com/2011/07/21/a-verdadeira-politicamente-incorreta/
Bjos!

Marcia Pergameni disse...

Fui procurar mais sobre o assunto e olha o que vi!
http://pt-br.paperblog.com/o-conflito-a-mulher-e-a-mae-elisabeth-badinter-199011/
bjus

Fabi disse...

Adorei! Ela é radical? Sim. Mas concordo com tudo. Talvez eu seja radical com algumas coisas tb...

Beijos,
Fabi
http://www.depoisdosdois.blogspot.com/

Luana Honório Ferreira disse...

Olha me deixou com a pulga atras da orelha, vou ler mais a respeito, mas pelos trexos já tenho CERTEZA que vou é ficar com muita raiva dela, rs, Acho que buscar o que é melhor para os nossos filhos, mesmo que essas ações já tenham sido realizadas a muitos anos atras, não é sinal de retrocesso e sim de avanço, afinal estou me desligando da era extrema capitalista onde o que é pago/mais caro é melhor e analisando (independente do valor monetario da coisa/ação) o que é melhor! ISSO É PODER DE ESCOLHA!!! isso sim é avanço! Mas vou ler mais, me interessei!

 
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