quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A tristeza e as lembranças


Ontem eu estava guiando sozinha e parei em um farol vermelho, bem atrás de um carro da polícia. Impossível não notar que o porta-malas estava lotado com uns 5 moleques, com certeza bandidos "mirins", recém presos ou em situação de transferência.

Algumas pessoas poderiam comemorar ao ver uma cena dessas, pensando que a polícia está, de fato, fazendo o seu trabalho e prendendo esses delinqüentes que assaltam nos faróis.

Eu, não. Fiquei arrasada, triste mesmo e, na hora, fiquei pensando nas famílias, mais especificamente nas mães daqueles meninos.

Independente das expectativas, dos sonhos que construímos para os filhos e da classe social, não consigo nem imaginar o tamanho da tristeza dessas mães. Até me colocar no lugar delas é tão difícil que só gostaria de poder voltar no tempo e ter o meu filho bebezinho protegido e quentinho no meu colo. Para sempre.

*****

Quase que instintivamente, saí do meu caminho e resolvi passar em frente a escola em que eu estudei da 1a. a 5a. Série, certamente os meus mais felizes anos como "estudante".

A escola não existe mais, virou um condomínio de casas bem bonito, por sinal. Mas eu vi tudo, em movimento, cores e sons. E aquilo foi muito, muito bom. Até revi amigas queridas, a Ana, a Lud e a Mai. Professores que foram tão marcantes, especialmente a Fátima e o Fernando.

Até me lembrei da vaga em frente à escola onde a Fátima estacionava todos os dias o seu carro, se não me engano, uma Caravan verde. Eu ficava de olho, porque "gostava" do filho dela, um ano mais velho que eu e que nunca me deu bola ou sequer soube da minha existência. Mas eu gostava de saber se ele estaria na escola.

*****

A gente pode estar preso literal ou metaforicamente, tanto faz, mas ninguém tem a poder de levar embora as nossas lembranças. E essas foram as minhas, da minha infância, de um tempo melhor impossível.

Só espero conseguir deixar muitas como essas para os meus filhos, não custa nada, vale o investimento e me daria a maior sensação de missão cumprida!

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14 comentários:

Carol Garcia disse...

ai ai camilitcha...
estou eu aqui lembrando da minha escola, dos amigos, das aventuras....
me perdi na viagem!
agora dura realidade:
criança, adolescente que aprende a roubar antes de ler. que aprende a pedir antes de buscar. que aprende a fugir antes de sonhar.
choro e sinto. muito.

Cris :-) disse...

Oi Camilinha,
Vamos por partes. Quanto aos meninos no carro da polícia,concordo contigo que várias daquelas mães deve estar sofrendo muito, mas também tem aquelas que usam os filhos para venda de drogas, etc... saiu no noticiário nos últimos dias que um menino de 12 anos estava sendo preso pela sexta vez porque era comandado pela mãe para venda de craque. Infelizmente Camila, nem todas as mães tem o mesmo amor ou os mesmos princípios de decência que nós temos. Isso não tem a ver com classe social mas com valores mesmo, com o caos do mundo... sei lá, isso é outro assunto. Mas o fato é que cada um faz o seu caminho. Se essas mães amam tanto esses filhos porque eles não estavam na escola ao invés de estar no camburão da polícia? A escola pública não é a melhor alternativa é claro mas é melhor frequetá-la com todos os seus problemas do que não saber escrever o próprio nome, ou não saber se expressar de forma minimamente inteligível.
Não estou com isso me mostrando indiferente a situação daqueles meninos ou das mães deles, apenas nessas horas não podemos deixar de lembrar que tudo é causa e consequência e se eles estão ali a mamãe deles tb tem responsabilidade nisso.
Quanto as lembranças, concordo contigo e também espero deixar para os meus pequenos lembranças que possam um dia aquecer o coração como as que eu tenho e como essas que tu tens.
Bj

Unknown disse...

que lindo, cacau. eu tb tenho as melhores lembranças desse tempo da escola que eu e o afonso escolhemos pra vcs com o maior carinho. lembro que no final da primeira serie vc entrou em crise. ficou triste, sorumbatica. só descobri depois que era por conta das férias que estavam chegando... beijos!

Sarah disse...

Lindo texto Camila. Triste, mas emocionante. Também me apego às minhas lembranças muitas vezes, o que gera uma saudadinha gostosa...
Ah, obrigada pelo carinho lá no blog, adorei seu comentário viu? Já estou melhor, a nuvenzinha passou! :P
Ah, tem selinho para você lá no blog!
beijo!

LUA disse...

Quem não tem essas lembranças??Já até postei algo parecido há um tempo atras, querendo muito que Malá tenha lembranças como as minhas...
e qual a mãe que não pensa na mãe dos meninos?em quemm são elas e no que sentem...triste...dura realidade,infelizmente...



Só as mães são felizes!
http://www.coisa-de-mae.blogspot.com

Dani Balan disse...

Também fico triste, Cá, vendo essas coisas. E tá ficando feia a situação mesmo. Até em cidades pequenas, como a minha, o envolvimento de crianças com o crime já é grande. Brabo!
Uma vez, fui nomeada pelo convenio da OAB para defender um menino de 16 anos que tinha assassinado um taxista. Não consegui. Recusei a nomeação, sem, ao menos, olhar para o menor. Era muito prá mim! Depois desse dia, nunca mais fiz nada de criminal.
Mas também...não faço nada prá ajudar. Não dou emprego a nunhum menor infrator, não sou voluntária em nenhuma instituição. E, confesso, tenho medo quando algum se aproxima de mim ou da minha família.
Tudo errado, né!
Acho que é por isso, pela minha inércia, que fico ainda mais triste quando vejo cenas como a que você viu.
Um dia ainda vou ter coragem para mudar alguma coisa. Tô tentando...
Beijo, Cá!
Ah...quero Mamma Mia na balada! Oba!
Dani

Renata disse...

Nossa, que viagem no tempo agora...to aqui viajando e pensando nos meus tempos de colégio!! ê coisa boa!
beijos pra vc e pra toda turminha!

Kah disse...

Sabe, estava lendo seu texto (li três vezes) e algumas coisas eu não consegui parar de pensar, está meio desordenado:
- podia ser minha filha ali, não podia?
quando paramos nos faróis aqui e vem uma criança pedindo dinheiro e eu dou o namorado fica logo zangado, diz que ela vai comprar droga. E, na maioria das vezes, vai mesmo, mas não consigo me desviar do fato que pode ser uma criança que precisa para comer E que, sim, podia ser minha filha ali.
- existem exceções, mas a maioria dessas crianças foi negligenciada/abandonada pela mãe.
Me pergunto que tipo de vida essas mães tiveram, sabe? O sofrimento que elas passaram.
Quando eu ainda morava no Sul, namorei um menino que a mãe trabalhava numa escola do bairro mais humilde da cidade. Ela me contava cada história, que apesar de saber o que as mães faziam com os filhos não conseguia não sentir pena delas, entende?
-Ok, sendo sincera: pensei em uma lista de mais 10 coisas, mas isso aqui é um comentário e vou parar por aqui.

Quanto as memórias de infância:
É isso mesmo! Investir em bons momentos que vão ficar para sempre guardados! E com certeza esses momentos serão importantíssimos eles no futuro!
Beijão!

Unknown disse...

Amiga, é realmente triste passar na rua dos miranhas e ver que aquela casa, quadra, cantina, horta e todas as coisas que existiam lá dentro, fazem parte apenas da nossa memória...mas como vc mesma disse, isso ninguém nunca irá destruir!! Fico feliz de ter vivido tão bons momentos naquele lugar e descobrir o que é amizade de verdade! Como a nossa, que apesar da distância, permanece viva por mais de 20 anos!!! E viva a Novo Horizonte!!!!

Fabi disse...

Oi Camila, td bem. Sabe que eu, particularmente, acredito que bandido tem que estar na cadeia sim. Quando vejo cenas de polícia prendendo bandido ou revistando aqueles 'motoboys' que infernizam a vida de qualquer ser humano, me sinto 'vingada'. Já fui vítima de assaltos, de roubo, de motoboys e não é nada legal. Mas nunca tinha pensado por esse lado que vc colocou. Esses marginais são filhos de alguém. E essas mães devem sofrer muito. Devem querer que o tempo volte atrás pra ter seus filhos nos braços de novo. Essa é a dor de ser mãe. Em não saber nada sobre o futuro do seu filho. Claro que queremos sempre o melhor pra eles, protegê-los de tudo e de todos. Mas eles crescem e começam a ter vida própria. Uma vida que as mães não farão parte 24 horas por dia. Não saberão onde estarão, o que estarão fazendo ou com quem estarão. Também lembro muito do tempo da minha infância que foi maravilhosa. E tento dar uma infância maravilhosa pra minha filha também. Preocupo-me com o futuro dela. Como estará o bairro onde moramos, a cidade, o país. O que ela pode esperar do mundo. Espero que essa 'prisão' que vivemos dentro de nós mesmos acabe. O fato é que não são os bandidos que estão presos. Nós estamos presos. Somos prisioneiros da violência, da injustiça social, do medo, da barbárie, da fome, da dor, da corrupção... O tempo não volta atrás, as lembranças sempre serão eternas, mas o futuro nós podemos criar do nosso jeito, ou pelo menos, esperar que ele seja melhor do que hoje. Gde beijo e apareça no meu blog, hein. Fabi

Chris Ferreira disse...

OI Camila,
como seu post eu senti a sua tristeza e resgatei as minhas lembranças.
Adorei.

Estou com uma promoção da Danone no blog e estamos sorteando uma mochila super colorida. Se quiser, dê um pulinho lá para participar.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

Anônimo disse...

Olá Camila,
é triste mesmo ver crianças perdidas na vida, que não tiveram oportunidade ou não a conseguiram agarrar... que aperto dá no coração pensar nas mães destas crianças que certamente à sua maneira fizeram o melhor que conseguiram para os seus filhos.

Ao ler a sua viagem na infância acabei pensando na minha também... também foram para mim anos fantásticos, que sorte a gente teve... :)

Tenha um óptimo dia

Nine disse...

O que carregamos conosco e o que deixamos é aquilo que aprendemos, fazemos, criamos, amamos! Adorei essa sua postagem! E com certeza seus filhos terão otimas lembranças da infância!

Beijos!
Nine

Anônimo disse...

Acho que o grande problema dessas crianças é que as mães deles não estão ali. Infelizmente há muuitas crianças que não tem uma base ou exemplo dentro de casa e para se ter isso, não é necessário dinheiro. Exemplos de caráter, honestidade, amor, e tudo mais, nunca são demais!

Bjs Rachel

 
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