sexta-feira, 3 de junho de 2011

"Take a walk on the wild side", by Anne Rammi

Fui tomar café com a Anne na semana passada e hoje é ela que veio aqui em casa.

Uma super e ilustre visita. O post "não é fofo", como ela mesma disse, mas é de uma verdade e de uma realidade sem tamanho. A maternidade é "brincadeira" para adultos mesmo, vejam:

"Houve uma copa do mundo em que os jogos eram de madrugada.

Eu era recém formada, trabalhante, altamente independente, com carro próprio. Carro fruto do meu suor, não pense que ganhei na mamata não, quando eu fiz dezoito anos, recebi de presente uma caixinha, e eu sonhadora que era imaginei ao longe que se tratavam das chaves do carro, abri com os olhos brilhando e era um controle remoto.

Tá bom para você? Amei a televisão, mas eu achei que era um carro.

Enfim, minha independência me levava para onde eu bem entendesse na hora que eu quisesse. Eu, uma odiadora convicta de futebol, assisti todos os jogos daquela copa.

Bar, casa de amigos, festas, churrascos inapropriados na madrugada. Fosse sábado ou quarta-feira.

Eu trabalhava cedinho, dava aulas. E estava sempre lá, com uma ou duas horas de sono. De pé, na disposição. Com 5 ou 18 alunos. Com um ano e meio ou sessenta anos.

A copa passou e a boemia não saiu de mim. Festa, festa, festa. Viagem, viagem, viagem.

Trabalhava sim, e sempre fui responsável, mas vivia pelo lazer e para o lazer. Dificilmente recusava um convite e passava a semana almejando a sexta feira, melhor dia do samba rock que eu freqüentava.

Conversei tantas coisas em 10 anos de juventude transviada à minha moda que certamente descobri o segredo do universo. Devo tê-lo descoberto infinitas vezes, mas ele ia-se embora cada dia seguinte quando acordávamos todos com dor de cabeça.

***

Quando Joaquim nasceu eu não parava de pensar que eu ia morrer. A primeira semana após o parto foi um estado suspenso no tempo e no espaço, com uma dedicação feroz e inconsciente um amor estranho por aquele bebê. Mas uma sensação de velório, com cheiro de velas e tudo, beirando o desespero de quem perde alguém, como vai ser a vida agora?

Eu tinha certeza que eu ia morrer. E morri mesmo.

Foi-se a mulher decidida, a fanfarrona das madrugadas, a solteira (ainda que eternamente comprometida). Nasceu a mulher filosófica, a ponta firme das madrugadas, a responsável (ainda que eternamente aprendiz).

Não ha vida mais selvagem do que ser mãe de alguém.

Se você quer independência, ela só existe quando sobrevive depois que te jogam aquele pacote nos braços.

Se você quer diversão, ela só faz sentido depois que você fez seu filho rir. Por que você fez barulho de pum com a boca!

Se você quer conhecer o mundo, não existe viagem maior, não existe. Do que essa interna, louca, perigosa e imprevisível viagem de maternar.

Eu achava boêmio festejar a noite toda e trabalhar no dia seguinte. Boêmio é cuidar do filho a noite toda e cuidar do filho no dia seguinte.

A vida pré maternidade é coisa para crianças.

Bem vindos ao novo lado selvagem.

Quem ainda não cruzou a ponte, pode esperar."


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40 comentários:

Dayane Cavalcante disse...

Que texto perfeito é esse???
Cheguei ao final com lágrimas nos olhos...
Bjos!

Milene diiirce disse...

Ei, essa aí sou eu! Quem deixou vc falar da minha vida, hein?

Pra variar, amei!

Jokas pras duas

Mi (diiirce.wordpress.com)

Renata disse...

Fantástico esse post. Simples assim...daqueles que a gente tem vontade de ter escrito, mas não conseguiria.
Adorei! Me vi aí retratada e me emocionei demais!
beijo

Carol Garcia disse...

AMO AMO AMO!!
Incrível como a nossa querida Áaaanne sabe escolher as palavras, sabe explicar tão tão bem essa coisa que é a maternidade.
Muitos vivas as ex-boêmias!
Muito mais ainda pras mamães pandas!

bjo bjo bjo

Celi disse...

Esses cafés estão rendendo, hein! rs rs rs rs
Amei o texto. Quem é mãe e não passou por isso? Como muda a vida a partir do momento que temos filhos. São outros ideais, outras tarefas, outras baladas...
Como esse post me fez lembrar dos momentos que vivi logo após o nascimento do meu primeiro filho. Tive grandes momentos de conflitos internos...
Obrigada por compartilhar desse momento da sua vida conosco. Assim pude ver que não foi somente eu que passei por tudo isso! rs
Beijos para vocês.

Susan disse...

Que coisa linda esse post!
A-ME-I!

http://piticodegente.blogspot.com

sweetmorrisom disse...

Essa também era e é minha vida! Fiquei emocionada com seu texto...Beijos

. disse...

Post incrível Camila.
Com tamanha realidade.
Sempre fui muito caseira nunca gostei de baladas, más com certeza o nascimento da minha filha mudou tudo, minha vida virou em torno de 360° rs.
Bjão!

Sol! disse...

Clap, clap, clap!

Essa é minha vida, esse é meu clube! Porque exercitar (MESMO) a maternidade não é coisa de FIFI!

FO-DA!

Renata disse...

Opa!
Em plena reta final de gestação, eu me ponho a pensar aqui e agradecer por esse post. Porque o 'amor amor amor sublime amor' dos posts fantasiosos estava me dando nos nervos. Claro, convenhamos, todos sabem aqui que vou amar amar e amar sublimemente meu rebentinho (como já o amo!), mas... uma passeadinha (ou 'ona') pelo 'wild side' faz parte. TEM QUE, né? Estou ansiosa... (ingenua, eu?)

Gabi disse...

Nossa... Como é bonito de ver essa visão de maternidade da Anne... Muitas mães estariam reclamando e sentindo falta daquela vida de solteira, mas ela só nos faz enxergar mais ainda como a vida fica melhor com a chegada deles!
Beijos meninas!
Gabi

luparra disse...

Adorei!
Realmente só quem vive a maternidade pode entender o que é a vida de uma mãe. Tudo muda mesmo! É uma doação muito grande. Mas eu penso que temos que mergulhar nisso, pois um dia, as crianças vão crescer, ser independentes e já não precisarão tanto da gente, e aí sentiremos muita saudade de tudo isso. Ser mãe é uma explosão de sentimentos diferentes, mas o AMOR é o mais forte com certeza!

Renata Senlle disse...

Tô até arrepiada! Concordo em gênero, número e grau.
Fui bastante boêmia também e antes de ter filho pensava: vou esperar mais um pouco, viajar mais o mundo e aí eu tenho filhos...
Mas´rápido eu percebi que ter filhos é que é a grande viagem: eterna, sem volta e que traz emoções surpreendentemente avassaladoras!
bj às duas!

Priscilla Perlatti disse...

Caramba, Ánne, você vai ao fundo, volta, depois vai de novo e ressurge poderosa. Uma coisa meio fênix, né?
Esses hormônios da gravidez+lactação dão um barato muito doido, conexão direta com seres superiores.
Na veia.
Parabéns Ánne, parabéns Cá pelas convidadas escolhidas à dedo.

Bjs
Pri

Lilian Gratti disse...

chorei!!!
emocionante o post, o texto!!!
parabéns!
bjão
da Li

Renata Senlle disse...

Tô arrepiada! Concordo em gênero, número e grau! Eu tb era uma boêmia inveterada. Protelei a gravidez pensando em viajar o mundo, até perceber que ter um filho é que é uma grande viagem: eterna, sem volta e que traz emoções supreendentemente avassaladoras!
bjs às duas!

Sara Lima Saraceno disse...

ARREPIEI!!
"Eu achava boêmio festejar a noite toda e trabalhar no dia seguinte. Boêmio é cuidar do filho a noite toda e cuidar do filho no dia seguinte." E ainda ter que trabalhar e ser produtiva para não ouvir uma piadinha de mal gosto do tipo "Essa ai depois que teve filho...".
Tem dias que não durmo com minha filha doente, cuidando para que a bronquiolite dela não vire uma pneumonia, mas tô no trampo... à bse de cafeína, red bull e afins e com a cabeça em casa...
Bjão
http://www.vivendoavidacomoelaeh.blogspot.com/

Melissa Machado disse...

Sim...perfeito...amei o texto e amo essa minha vida selvagem,amo cada minuto que passa!
Bjs
Mell

http://viveraprendendo-mell.blogspot.com/

Doma! Lingerie disse...

Lindo lindo lindo!!!
Chorei e me vi no texto da Anne.
Acho que toda mae passa por isso. E nao adianta explicar para ninguem, tem que viver!
Adoro e sou da dessas duas!!!
beijos queridas,
Paula

Luciana - Descobertas disse...

Com certeza já disseram que vc deveria escrever um livro não é?

Parabéns pelo texto!!!

Mãe é um bicho mesmo.

Angi disse...

ADOREI,MENINAS!
Boêmio é cuidar do filho a noite toda e cuidar do filho no dia seguinte...
BEIJOS
Angi

Carol Passuello disse...

Amei!!! Isso sim é puro rock and roll! Vida sem filhos é bossa nova!
Bjs

I wanna rock and roll all night and party every day!!!

Paula disse...

VOces duas sao demais! E a Anne traduziu o sentimento de todas nós. QUe mae nao se identifica com esse texto?? Perfeito né! Nada é mais selvagem e louco que um dia na maternidade com certeza! Beijos as duas! Adorei

Meriellen Cristine disse...

Nossa, esse texto fala da forma mais certa o que nos tornamos quando viramos mães!! Perfeito demais, parece que tava falando de mim, nosso mundo das mamães!!!
Bjos

Maíra Venzo disse...

Adorei...Simples assim...

Kah disse...

Vão-se as festas e ficam as noites em claro, diz minha avó. hauahuahuah
Beijão!

Elaine disse...

Adorei o texto. Diz tudo e mais um pouco.

paulavillela disse...

Nossa! A tradução dos meus sentimentos! Anne, obrigada! É isso ai mesmo tudo que eu queria dizer desde que a Maitê nasceu

Vanessa Cavasotto Leite disse...

Perfeito!
Vou citar um trecho deste texto no meu blog pra registrar essas palavras que traduzem tão bem como a gente passa a viver depois que vira mãe.
Beijos pras duas!

Bianca disse...

Que post lindo!!! Amei!
E essa "aventura" é longa pq cada fase tem seus desafios, né??
Adorei! Bom finde! bj

Fabi Alvim disse...

Outro dia uma amiga de boemia ficou grávida e eu mandei uma mensagem pra ela dizendo que tinhamos que brindar com chocolate quente! Virou piadinha na galera... mas é isso aí!! Bom quando chega essa fase em que a turma toda começa a parir...
Anne, parabéns!! Vc é o máximo com as palavras!
E Camila que visita boa, heim?!
bjs

Fabiana
http://2-ao-quadrado.blogspot.com

Anne disse...

que bacana!
só consegui chegar agora!
muitos beijos camilitcha!
obrigada você!!

Milenna disse...

Que post maravilhoso!
Super me idenifiquei embora não tivesse sido tão boêmia, mas que sou outra Milenna, ahhh isso eu sou!
Bjos nas duas!

Kelly Resende disse...

Que legal esse post, a Anne escreve muito bem, as definições dela são as melhores, enfim, sou fã!
Beijos

Karin :: Mamãe e Cia disse...

PERFEITO!!!!

Beijos

Karin
www.mamaeecia.com.br

Mariana - viciados em colo disse...

"born to be wiiiiiillllllld"

Bobby disse...

adoro a dona da casa, adoro a visita.
ah! e eu me sentia mega wild quando ouvia o tchutchutchutchutchutchutchu, do take a walk on the wild side.
(mal sabia que a wildice toda ainda estava por começar, babes!)
beijos!
roberta, do piscardeolhos, nunca consigo logar aqui na camis.

Sarah disse...

Óóótimo texto, muito bom. A boemia mor realmente é cuidar do filho 24 horas!
bjos

Patrícia Boudakian disse...

Este foi, sem dúvida nenhum, um dos melhores posts que já li nos últimos tempos. Talvez pelo momento que esteja passando. Eu era super baladeira, saia com marido pra todo canto, altas baladas, altas madrugadas. E agora me vejo com a pequena, cuidando, amando, ficando acorda e sim, isso sim que é balada de verdade!
Um beijo e parabéns pras duas, Anne e Camila!

Luíza Diener disse...

como assim não é fofo?

adorei!

 
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