A nova lenda urbana

Sabe aquela tradição famosa do “nhoque da sorte”? De que a gente deve comer um prato de nhoque todos os dias 29 (é isso mesmo?) de cada mês, colocar um dinheirinho debaixo do prato, guardá-lo e gastar o dinheiro no próximo dia 29 a fim de dar um passo rumo à fortuna pessoal? Então, não praticamos. Aqui em casa, comemos nhoque todas as sextas feiras, sem dinheiro debaixo do prato mesmo. Acho que esse dinheirinho é só uma forma de aliviar a culpa por ingerir um pratão delicioso de carboidrato. Como uma mãe de três já carrega culpa aos montes, no, thanks. Comemos nhoque todas as sextas e felizes da vida. O nhoque é divino, feito em casa, massa e molho caseiros, um espetáculo!

Na última sexta, não foi diferente. Criancinhas se deliciaram, eles costumam dizer que o nhoque é a “massinha que pode comer”, chega até a ser lúdico! Além do prato principal, tinha uma manga docinha, docinha, que fez as vezes de sobremesa.
As minhas avós e, provavelmente, as avós de gerações anteriores costumavam dizer que comer manga à noite faz mal. Se misturada com leite, então, uma verdadeira bomba para o estômago! Mas, elas estavam erradas. Continuem lendo e entenderão.

Criancinhas jantaram às 19h, brincaram um pouquinho, escovaram os dentes, ouviram historinha e foram dormir, sem tomar leite.

Daí, lá pelas 21h, foi a minha vez e do maridinho de jantar. Um pratinho de nhoque para cada um , demos o “play” no episódio final de uma série deliciosa, 3 garfadinhas e 2 minutos de DVD depois, ouvimos pela babá eletrônica um choro alto seguido do seguinte aviso: “eu vomiteeeeeeeeiiiiiiiii!”.

Não, não era apenas vômito, era algo em quantidade suficiente para lavar o berço do menino Joaquim.

Maridinho pegou o rapaz todo vomitadinho e foi tratar de limpá-lo, trocar pijama, escovar os dentes, dar água e etc. Enquanto isso, eu limpava o bercinho imundo. Não sobrou lençol, cobertor, mantinha, travesseiro, almofada, nana e nenhum companheiro de berço para contar a história, tudo sujo! Tyrone, Woody, Bala no Alvo, Ursinho, Coelhinho, tudo, tudo para o tanque e de molho nos baldes da lavanderia.

Depois de berço e menino limpos, volta o moleque para dormir, tadinho, tava assustado e cansado. Capotou, até o dia seguinte, sem nenhum outro episódio de vômito ou qualquer outro sintoma.

Sentamos em frente à TV pausada e dois pratos de gnocchi gelados. Maridinho perguntou se eu ainda queria jantar, se tinha perdido o apetite depois de todo o acontecido ou se queria “requentar” o gnocchi no microondas.

É lógico que queria jantar! Perder o apetite para o gnocchi da sexta feira? E mãe lá sente nojo dessas coisas? “Põe o meu prato uns 2 minutinhos no microondas que eu to morrendo de fome!”.

Entendam: todas as avós estavam erradas. Diz a lenda urbana moderna de que a combinação gnocchi + manga causa vômitos . Anotem. Evitem.

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