sexta-feira, 28 de maio de 2010

Orquestra Baby


Hoje ouvi uma história daquelas que a gente ama, morre de rir e quer compartilhar. Aconteceu com uma amiga da minha irmã, não vou divulgar o nome dela, obviamente, mas já consegui autorização para contar o que aconteceu. Nem sei se ela vai ler, afinal a amiga grávida está praticamente com o barrigão aguardando o obstetra na sala de parto.

Mas foi o seguinte: final da segunda gestação, agora vem uma menininha, já posicionada, cabecinha para baixo, só esperando a hora certa. Mas não é que, na reta final, a menina conseguiu se virar e ficar sentada? Eis que, a mãe, ansiosa, querendo um parto normal, queria, porque queria que a menina virasse novamente (quem deu uma cambalhota, pode dar 2!) e sentiu dores. E achou que a explicação para este incômodo era pela segunda cambalhotinha. Mas queria se certificar. Era terça-feira e
o ultrassom estava marcado para sexta.

Pega o telefone, liga para a obstetra, que, de cara, responde:

- Não, eu não vou te dar um pedido para um ultrassom hoje. Fique em casa, repousando, como eu já determinei, sem dirigir, como também determinei e aguarde até sexta-feira para o seu exame.

Mas grávida nenhuma aceita desaforo, não dá muita bola para as recomendações médicas, ainda mais quando se trata da segunda vez. Além do mais, as ansiedades e vontades de grávidas devem ser atendidas mais rápido do que de qualquer criança, senão o resultado é pior do que um capetinha mimado. Aviso: não criem confusão com uma grávida. Elas são seres à parte, que, literalmente, têm o rei (ou a rainha!) na barriga e todo o poder do mundo. Falo com conhecimento de causa: estive lá. Duas vezes. Três crianças. Poderosíssima!!!

Nossa amiga grávida teve uma grande idéia: já que a médica não atendeu a sua vontade, correu no hospital “concorrente” (dirigindo sozinha!!), pediu urgência para ser atendida, inventando dores terríveis, portanto, precisava fazer um ultrassom.

- Não, senhora, vou fazer o exame de toque.

- Eu preciso de um ultrassom.

- Não, senhora, vou fazer o exame de toque.

- Eu preciso de um ultrassom.

E assim foi, por algum tempo. Até que a médica venceu e o exame de toque revelou 4 cm de dilatação, ainda antes da data prevista para o parto.

A médica concorrente avisou:

- Preciso do telefone da sua médica.

Daí, começou o desespero de verdade. Se desse o telefone, a médica descobriria a “arte”. Ela, então, “simulou” uma ligação para a sua médica, do próprio celular e inventou que a “falsa doutora” estaria muito ocupada e não poderia falar naquele momento, pois estava entrando na sala de cirurgia para um parto.

Mas, a plantonista, que de boba não tem nada e parece conhecer as artimanhas (e a falta de limites, sorry!!) de uma grávida, avisou que não poderia liberá-la sem conversar com a médica oficial. Ela voltou a inventar desculpas (piores do que as das crianças, acreditem!), até que não se agüentou e contou toda a verdade: não tinha dor coisa nenhuma, só correu para o hospital por curiosidade de fazer um
ultrassom para ver a posição da filhinha.

- Bom, mas agora o assunto é sério: você pode não ter dor, mas está com 4 cm de dilatação. Preciso falar com a sua médica já!

Finalmente, a médica foi contatada e o final nada feliz, foi uma ida para outro hospital, o não-concorrente dessa vez, aquele onde trabalha a médica. Ela foi de ambulância, já de noite, com o marido e a obstetra aguardando na porta, com cara de bravos, já beeeem preparados para aquela bronca, sabe? E o pior: não fez o ultrassom!!

Após 5 noites no hospital e muito esporro do marido, ela continua de repouso absoluto e vigiado, aguardando a sua hora: de conhecer a filha e para saber a partir de qual posição ela virá ao mundo...

Apostas?

*****

Ontem, fiz um programinha delicioso com o meu maridinho, um daqueles que a gente sempre adorou fazer, mas não conseguíamos há muito tempo.

Fomos assistir ao concerto da Osesp na Sala São Paulo. Sou nada entendida de música clássica, ou erudita, nem sei como classificar o “estilo”. Não conheço as composições, apenas compositores de nomes conhecidos. Mas o programa é uma delícia, o lugar é lindíssimo e assistir à Osesp é um verdadeiro espetáculo.

Eu fico absolutamente fascinada com todos aqueles músicos, milhares de instrumentos e sons, mas o que sempre me chama mais atenção é o maestro.

Imaginem só o que é reger uma orquestra? Como já disse, tantos músicos e instrumentos diferentes tocando que resultam nas coisas mais bonitas e, de fato, emocionantes que uma pessoa pode escutar. Como ele consegue tamanha perfeição? Beleza e emoção? Como eles todos conseguem?

O maestro, para chegar até ali, não aprendeu simplesmente códigos gestuais para música, tem muito mais por trás de cada movimento de braço, na sua intensidade, direção e força. Ele chega a pular, até balança a cabeça e, se eu pudesse ver além das suas costas, tenho certeza sobre qual seria a expressão em seu rosto e o suor na testa.

E isso tem a ver com esse blog porque? Há! Não perceberam a metáfora? Me vi a própria maestra, regendo os meus filhotes, não com a perfeição do maestro Yan Pascal Tortelier da Osesp, mas eu me esforço. Não estudei, nem tenho a prática e experiência dele, porém tenho certeza da minha boa vontade, disposição e bom senso. (Conto também com um diploma de Psicologia pela PUC-SP e alguns anos como professora de educação infantil, se é que mãe precisa de currículo.)

E a minha orquestra? Quem já parou para ouvi-la sabe que ela está longe de ser afinada, ou de conhecer oboés, flautas e violinos. Ainda tocam “maracas” e chocalhos coloridos. Mas eles são capazes de lotar a Sala São Paulo aqui da nossa casa, encher o meu coração de orgulho, os meus olhos de lágrimas e a minha vida de alegria diariamente. O concerto aqui não tem hora para começar ou terminar, não segue programa, ritmo e nem rotina de ensaios. Mas é, certamente, o espetáculo mais maravilhoso que uma mãe pode experimentar.

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4 comentários:

Ana do Viajar é tudibom! disse...

Camila! Adorei a historinha da sua amiga, mas ela deve estar super P da vida né? rsrsrs

A Orquestra na sua, na minha, é MARAVILHOSA mesmo, a arte de ser mãe é tudibom!!!!

Bjos e parabéns pelos seus post´s, estou esperando a sua visita.
Ana

Cris :-) disse...

Amei o post!
Ri muito com a primeira parte e adorei a segunda, principalmente porque sou esposa de maestro e adoro ver o maridão regendo!
Bj, bom fim de semana!

JuUUh disse...

Cômicoooo a primeira parte e Liiindo a segunda xD
bom findi,
beijao

Chris Ferreira disse...

Adorei a insistência da sua amiga. É isso mesmo, grávidas têm um rei ou uma rainha na barriga, ou vários, né?
Estou precisando fazer um programa com o marido. O último que fizemos foi um teatro.
A orchestra da nossa casa é sempre linda e maravilhosa para nós.
beijos
Chris
http://inventandocomamamae.blogspot.com/

 
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