segunda-feira, 7 de junho de 2010
Quase 30
Agora em junho, já começo a entrar no clima das festas da nossa família: Manu faz 3 anos no final do mês, eu e o meu marido comemoramos o nosso aniversário de casamento na mesma data.
Em julho, aniversário do maridinho e, em agosto, o meu, do Joaquim e do Pedro. É uma época muito gostosa, cheia de comemorações e presentes (quem não gosta?)!
Mas, nesse feriado, fiquei pensando no meu aniversário e no que isso está representando para mim. Ok, vou fazer 30 anos e não tem crise alguma nisso, juro!!!
Ao contrário, tenho o maior orgulho do mundo de estar a 2 meses dos 30 com uma (grande) família já constituída, a nossa vida em ordem, me sinto disposta, feliz, tudo caminhando bem, sabe?
Mas, e o que mudou? “O que é que esses 30 anos estão te representando, Camila?”, vocês podem me perguntar. E eu digo que me tornei mais leoa ainda e também pavão, do tipo que não admite que mexam com a minha cria e que adora exibi-la o tempo todo.
Adquiro maturidade e responsabilidade a cada dia, penso 4 vezes antes de fazer qualquer coisa (1 marido + 3 filhos), me acostumei a dormir bem pouco (apesar de não me conformar em nunca mais dormir 12 horas seguidas no fim de semana), adotei o look "olheiras para sempre" e muitas outras coisas.
Mas sabe o que vem me pegando? Umas “entidades”, antes bastante desconhecidas e silenciosas, mas que agora habitam o meu corpo no maior estilo arroz de festa – bicão: os primeiros a chegar, os últimos a ir embora, e “causam” o tempo todo!
Me refiro aos meus hormônios! Eu, que nunca notei a presença deles em mim, ultimamente... Socorro!! Eles têm feito verdadeiras raves mensais aqui dentro!
O físico é básico teen. As minhas 20 miligramas diárias de Roacutan não conseguem evitar uma espinha aqui, outra ali. Até aí, tudo bem, vai, mas o emocional...
Nesse último mês, foram 4 crises de choro em um só dia. Na última, quando finalmente me dei conta do que estava acontecendo, pedi um abraço para a Manu e ela negou, afinal, quem quer abraçar a mãe louca?
O meu marido me pediu para deixar os sapatos dele na Sapataria do Futuro para serem engraxados e eu comecei a chorar loucamente dizendo que eu não dava conta da minha vida, da dele, das crianças e da nossa casa. Vejam bem: eu nem tinha que engraxar os sapatos por minha própria conta e risco.
Percebem o tamanho do drama? Ou melhor, do poder dessas entidades terríveis?
A empregada vem perguntar o que eu quero para o jantar e a minha vontade é cozinhar a cara dela na panela de pressão. O meu celular toca, o número é estranho e já me dá vontade de chorar de desespero só de pensar no que pode ser. Percebem?
E isso tudo tá nesse post, desse blog, por qual motivo mesmo, hein?! Porque, nessas horas, é chato ser mãe. É chato educar. Paciência e disposição são palavras que fogem da nossa vida. A vontade é ficar debaixo do edredom, assistindo qualquer coisa besta na TV, comendo uma ou duas panelas de brigadeiro.
Mas esse é o meu exemplo, o meu limite pessoal e cada um deve ter o seu. E eu pensei mais ainda e, não sei se numa tentativa de me justificar, ou me perdoar, acho que pai e mãe são seres humanos. Pacientes, brincalhões, risonhos, contadores de histórias, carinhosos e tudo o mais. Mas também têm dias ruins, xingam no trânsito (daí, se viram para explicar a palavra feia falada na hora...), choram e até brigam.
Eu não estou defendendo quebra-pau na frente de filho ou qualquer tipo de baixaria, agressividade, pelamordeDeus, isso não se justifica. Mas o mundo não é só cor-de-rosa e, por mais que tentamos ser leoas protetoras e defensoras 24 horas por dia, nem a Mulher Maravilha agüentaria!
É importante mostrar e demonstrar as várias emoções aos nossos filhos, sempre na medida do que eles agüentam e podem entender. “A Mamãe tá chorando porque tá triste”.
Dói? Traumatiza?
Ser humano é isso aí, e educar é também nomear os sentimentos dos nossos filhos. Quem são os maiores demonstradores de raiva, braveza e frustração nesse mundo?? Elas, as crianças. E a nossa função não é abafar, contornar ou disfarçar esse tipo de comportamento. Devemos validá-los, reconhecê-los como naturais e essencialmente humanos, procurando mostrar quais os caminhos para lidar com eles da melhor maneira possível. E, a melhor maneira de todas, somos nós. A forma como nós lidamos e demonstramos isso a eles. Esqueceu que na frente de pai e mãe tem um espelho? Que eles imitam tudo o que fazemos? Que somos os maiores modelos de conduta que eles têm na infância? Percebeu o tamanho da responsabilidade? Dá um medinho, não dá?
Então, “administrar hormônios” é facinho diante da missão que é botar e educar filho nesse mundo.
Que venham os meus 30 e a enxurrada de hormônios!
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12 comentários:
Good for you!! Eu tive uma crise existencial perto dos 30. Não sei se teve a ver com a morte de papai...Mas graças a Deus, entrei nos 40 feliz da vida! E a gente tem que COMEmorar mesmo! Jê.
NOssa!!!!
eu não sou daquelas que detesta aniversário e tem medo dos anos a mais.
já fiz meus 30, em dezembro, e convivo perfeitamente com eles como se fossem os 20.
não me fez diferença.
estar em contato com essas mudanças e resposabilidades deixa qqer mulher louca (no bom sentido) seja lá em qual fase da vida for.
educar, percebi, é uma árdua tarefa, complexa, inexplicável, sem fórmulas, sem muitas segundas chances.
além do educar em si, há o fato de que não estamos programando máquinas, e sim lidando com seres humanos, com essencias e personalidades diferentes.
os hormônios são um caso a parte... há que diga que consiga explicar, mas eu duvido.
bjocas
carol
http://viajandonamaternidade.blogspot.com
Lindo texto, Camila, adorei, principalmente isso de nomear os sentimentos. Eu às vezes fico querendo esconder da minha filha que estou triste, mas acho que é mesmo saudável que ela saibva que mãe e pai também choram e ficam tristes e perdem a paciência... bom, isso ela já sabe!
Beijos
Solução pra crise hormonal? Humor Now! (substância que você parece ter bastante nas veias).Parabéns pelo texto! Muito inspirado.
Olá Camila,
Passando para conhecer seu blog, e me identifiquei com esse post, pois agora dia 15/06, irei completar meus 30 também. E realmente os hormônios atacam mesmo... E olha que só tenho 1 filho (2 anos e 3 meses), imagine você com 3!!
Não deve ser fácil...Beijão e até mais!!
http://www.historiaparacriancalerouviresonhar.blogspot.com/
Camila é tão isso! Concordo com vc e partilho da mesma montanha russa hormonal que me tira o prumo de vez em quando... por mais que a gente saiba que os filhos são lindos e perfeitos e que amamos eles acima de tudo e vivemos para eles e por eles, e temos marido lindo amado do coração que é tudo na nossa vida, e que somos tudo de bom também ás vezes dá vontade de ser só a gente mesma né? esquecer de filho, marido, compromissos, responsabilidades, ser só a gente por uns 2 diazinhos e depois volta tudo ao normal.... vc viu sex and the city 2? Eu me dei ao luxo de ir com uma amiga a tarde numa sessão do filme e foi tão gostoso e tinha tanto este tema maternidade x culpa x amor x confusão... eu até chorei a hora do discurso da Charlote que era tão real... parece fútil, mas é uma realidade super feminina sabe? eu super te entendo e assino embaixo, é tudo isso, e confesso que tive um momento delicioso só pra mim com a minha amiga num cine a tarde, mas fiquei cheia de culpa de aproveitar sem meu filho, mas depois me lembro que sou pessoa e que mereço meus momentos, e que mereço chorar, rir, gritar, pular, cantar e ser pessoa de carne e osso não a pessoa perfeita... enfim, vamos que vamos, ser mãe e mulher e esposa e administrar a casa é tudo isso e mais um pouco, e trabalhar também...ufa... a gente é o máximo! Olha eu fiz 30 faz 2 anos, na verdade pra mim foi um baque os 30 porque fiz 15 dias depois de ter o David, então nega, pensa: 30 + filho rescém nascido...rs eu só queria festejar em um buraco hahahahahah, felicidades pelo momento e vai ver o filme e me fala o que achou.
bjs
Oi Camila,
Eu tive a maior crise quando fiz trinta. Demorou um bocado para passar, mas acho que a gente acaba se acostumando e passa...
Agora com relação aos hormônios...esses são fogo mesmo! Antes de engravidar eu não tinha muitos problemas com eles (os hormônios), mas depois que tive bebê eu comecei a ter cólica e uma TPM horrível. E mesmo quando não tô de TPM, as vezes fico um pouco emocional demais! Meu marido que fale!
beijos
Oi Camila, hj foi a primeira vez que eu vi seu blog e vou salvar nos meus favoritos! Eu tb tenho um blog de mãe, dá uma olhada, o endereço é http://mdemulher.abril.com.br/blogs/mae-de-primeira-viagem/?pagina=0p
Eu tenho uma baixinha de 1 ano e meio e to grávida de 3 meses, quase pirei nesse feriado de 4 dias com ela em casa e os meus hormônios bombando! Enfim, adorei seu blog! beijos
Dani
Cá.. to nos meus primeiros meses dos 30 e estou adorando!
Como ainda não realizei meu sonho de ser mamãe, vou focando minha vida no trabalho e nas minhas conquistas profissionais!!
O que tb é uma delícia!
Vc esta cada vez mais psicóloga nos textos. To adorando!!
Beijos
Oi, Camila. Tenho passado no seu blog nos últimos dias e devo dizer: gostei muito do seu post. Os hormônios, a rotina do dia-a-dia, a falta de tempo para nós mesmas...tudo isso deixa a gente maluca.
Estou gostando muito de acompanhá-la.
Beijos
Ana
Belo texto e é tudo verdade.
Hormônio pode comandar a vida da gente (e isso lá é um mundo equilibrado?)
Depois que virei mãe, então, minha TPM é quase ameaça social...alerta laranja TOTAL.
Mas vc vai adorar os 30, vc vai ver.
beijos e que venha a melhor década ever!
Ca...
Que texto bonito...
E mais bonito ainda é olhar pra vc, minha sobrinha que já foi menina e hoje é uma mulher muito especial...
Tenho muito orgulho da pessoa que vc se tornou...
Bj grande pra vc...
Sua tia,
Clau
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