Quem tem mais de um filho já deve ter tido a “oportunidade” de presenciar uma “regressão”.
O mais velho, na ocasião do nascimento do irmãozinho ou irmãzinha, regride e volta a fazer xixi na cama ou usar chupeta. Muitas outras coisas podem acontecer, mas esses comportamentos são os verdadeiros clássicos. Portanto, digam: “prazer, regressão”.
Regressões acontecem em várias fases da vida e se apresentam de maneiras bem diferentes e inusitadas. Até os próprios adultos podem “sofrer” disso. Sabe quando a gente tá ultra sobrecarregado de tarefas e responsabilidades e só consegue pensar no colinho (ou na barriga??) da mamãe?? Outro clássico....
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Houve uma época em que a Manu vivia coçando o dedão da mão com o dedo indicador. Fazia isso o tempo todo, quanto mais eu falava no assunto, mais ela coçava, não havia band-aid que desse conta e chegou até a ferir o dedo. Cutucava tanto que arrancava a pele.
Fiquei muito, muito preocupada, pensei em auto-mutilação, punição, coisa de mãe louca e psicóloga. Ainda bem que a mãe louca e psicóloga também tem a sua psicóloga, que me lembrou dessa história de regressão.
Interpretação vai, interpretação vem, levantamos a hipótese desse comportamento ser algo regressivo. Num possível salto de desenvolvimento, a Manu estaria agradando e acariciando a “Manuzinha”, a sua criança interna. (Até as crianças têm crianças interiores, dá para imaginar??). E, pelo fato de estar se machucando, chamava a minha atenção, que era o seu objetivo: apesar de ser mocinha em diversos aspectos, ainda pode ter necessidades de bebê em determinados momentos regressivos.
Descrito em um parágrafo é meio difícil de entender, eu sei, mas rolou muita terapia até chegarmos nisso. E, foi assim mesmo, hipótese aceita, hipótese testada.
Cheguei em casa doida para ela começar logo a cutucar o dedinho. Não demorou muito.
- Manu, sabe o que eu acho? Que quando você cutuca o seu dedinho assim, você está se fazendo um carinho, é a Manu fazendo carinho na Manuzinha, é isso?
Ela sorriu.
- Filha, você tá querendo um carinho?
Ela acenou que “sim” com a cabeça.
- Então, vamos fazer assim: quando você quiser um carinho, pode pedir para mim ou para o Papai que você ganha na hora. É só pedir, você sabe falar, não precisa cutucar o dedinho, pois acaba se machucando...
Ela entendeu direitinho o papo, achou graça na história da “Manuzinha” e de vez em quando falava: “Manuzinha tá querendo carinho...”.
Depois disso, nunca mais cutucou o dedo.
*****
Recentemente, o Joaquim e o Pedro, os caçulinhas, passaram por uma série de viroses fortes e recorrentes, que exigiram todo o esforço, cuidado, atenção, remedinhos, dietas e dedicação total.
Manuela, a primogênita, observou e entendeu tudo.
Daí, começou com um papo de que estava com dor de barriga. A gente sabe os sintomas de dor de barriga e ela não tinha nenhum. Lembrei da regressão, de chamar a atenção e voltei com a hipótese:
- Manu, você tem reclamado muito de dor de barriga, filha, estou preocupada. Será que não é melhor a gente ir ao médico para ver isso?
Ela não aceitou.
- Então, acho que eu vou ficar fazendo carinho na sua barriguinha e ver se passa, pode ser?
Nunca mais teve dor de barriga.
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22 comentários:
coisas da vida.de mãe, de filho, de ser SER HUMANO.
e não é?!?
bjo bjo bjo e ótima semana.
Oi Camila! É verdade, esse final de semana tive a comprovação disso. Pedro está com uma virose e febre, então redobramos os cuidados com ele. A Gabi sente. E além das dores imaginárias (a cada pequena pancada parece que o mundo vai acabar), ela ainda fica fazendo perguntas do tipo: mamãe, quando eu era pequenininha você também me dava aerosol? Fora o xixi na cama no meio da tarde. E por aí vai! Essas crianças nos surpreendem! Bjos
Que amor! Adorei! Mais um aprendizado! Vou prestar mais atenção nas "manhas" ou novas manias da Carol...
Beijos
Gabi
Muito interessante, amei o aprendizado, vou prestar mais atenção nessas manhas e pequenas atitudes... bjks
A Lu tem uma diferença boa de idade da Maria, e eu bem passo por umas coisinhas assim. But, alerta que eu já estava de que esse papo dela nunca ter tido ciúme declarado da irmã não ia ser tão mar de rosas assim, acabo notando logo quando vejo ela com comportamentos que não são comuns dela.
Não tem jeito... Filhos, de qualquer idade, querem um chameguinho dos pais. hahaha
Beijos e boa semana, linda!
(Ah, sei que você gosta destes temas, então depois dá uma lidinha neste post: http://liasergia.wordpress.com/2011/03/19/seu-filho-e-um-tontao)
Muito legal, Camila! Para algumas coisas ela é grandinha, mas pra outras tão pequenas. E aliás, quem não quer um carinho de vez em quando?
Bjs
Camila,
Obrigada por dividir isso aqui, para mim eh otimo ver como as criancas reagem em uma etapa mais avancada e assim vou aprendendo e vendo o q me espera.
bj Carol P
http://motherlovedatabase.blogspot.com
ai, camilitcha!
você acendeu várias luzinhas na minha cacholinha: também tenho esta mania (de coçar os dedos e os cantos da unha até ferir).
neurose não é privilégio de psicóloga e já fiz várias hipoteses sobre isso e era sempre algo relacionado à punição. faltava saber o porquê desta punição e era no que ficava concentrada até mesmo na terapia.
pois que lendo seu texto retomei como e quando isso começou e foi numa época de muita carência mesmo. a sua hipótese fez sentido para mim.
para mim e para o filho de minha amiga que começou no ano passado com a mesma mania (acabei de ler o texto pra ela, por telefone).
muito bom! valeu camila!
Nossa, que coisa mais fofa sua filha! Amei o post/dica! Vou ficar atenta às regressões do meu pequeno, quando ele for maior, e às minhas próprias! Melhor a gente se punir menos e se afagar mais, né!?
bj
Renata
http://umavidamaisordinaria.blogspot.com/
Ai Camilla, queria tanto saber interpretar essas regressões como você fez...
adorei
bjs
Carinho é tudo!!
A gente precisa ter muita sensibilidade e as vezes contar com ajuda externa pra conseguir enxergar o todo do problema.
Aqui rola situação parecida, mas com o xixi: se a Lia está feliz passa dias seca. Mas se está carente são 4, 5 calcinhas por dia. Assim ela garante que eu pare tudo para trocá-la e conversar com ela, mesmo que seja uma bronquinha, é atenção da mamãe...
Estou usando a terapia do abraço, com muuuuito carinho e paciência. Tem dado certo.
Bj
É tão importante perceber essas necessidades, né? O André reclamava muito de dor de barriga quando a Nana era menorzinha e tinha cólicas. E então era só eu ficar fazendo "massagem" na barriguinha dele pra dorzinha ir embora. Tadinho, estava querendo a mesma atenção que a dorzinha da irmã.
beijo enorme procê e pra turminha toda, Re
Eu só tenho uma filha, mas em compensação tenho 3 irmãos.
E até hoje dou uma regredida de vez em quando... rs
Adorei a maneira como lidou com a situação!
De verdade.
Bjos
Essa tal regressão é fato, nem só se tratando de 02 ou mais filhos,percebo pelo Pedro Augusto, é só tocar em assuntos que não são do seu interesse, ou não dar "bola" pra ele, que ele já se transforma com gracinhas, chorinhos e até o famoso se jogar no chão!?
Essas crianças, bobas?! Ahammmm...
Mas um colinho faz tãoooo bem,
(pra eles e pra nós, não é?)
Bjinhos e uma excelente semana
Oi Camila! Sou nova na patota. Tenho dois "bebês": Isabel, de 2a8m e Antonio, de 4m. Eu SOFRI horróres com a Bebs quando o Antonio nasceu... Conheço bem a D. Regressão!! A vida da Bel parou para o Antonio nascer. Sabia que a Bel faz a messsssma coisa com o dedinho??! Menina, pensei que tinha ansiedade e tals, tão pequena e já é ansiosa.... Daí, sabe, adorei ler seu post. Aliás, eu vou dizer: estou adorando conhecer vcs, mamães-blogueiras, não sabem o qto estão me ajudando. E eu ainda preciso de ajuda: mesmo com empregada e babá full-time eu ainda NÃO consegui imprimir uma rotina na casa. Hoje, por exemplo: a galera vai almoçar às 15hs?!?! (oi?) Por mais que eu tenha ajuda, não durmo, fico com o bebê de madruga (não abro mão) e nossa, morro de sono, sou companheira da Giu da Lulu não dorme, e queria muito o mundo cor-de-rosa aqui: crianças acordando cedo, indo à escola, pracinha, natação, ballet e cama às 20hs!!!Ahaha: TOW LONGE. de chegar lá. bjão!
Que texto mais delicado, Camila. Encantador. Vou tentar me lembrar dele pra aquecer o coração do filhote (e do marido, e o meu próprio também...)
Beijos
Nada como uma mãe psicóloga p entender as coisas e contar p a gente!
Quero ver o q me aguarda p qdo a Alicia chegar...
Jokas da Mi Diiirce
Muito legal esse post e faz total sentido mesmo. Adorei saber da criança dentro da criança! Vou ficar atenta!
E na minha casa, com meus irmãos era a mesma coisa. Me lembro que quando um deles ficava doente eu ficava até com inveja, porque eu também queria receber toda aquela atenção extra da minha mãe. E vira e mexe eu chegava mesmo a fingir que estava doente. Imagina só... Agora, eu só não gostava da parte de não ir pra escola, já que eu gostava de estudar mais que tudo nessa vida. hahaha Mas o carinho... ah, esse sim, até hoje, né? hahaha
Beijos pra vocês aí,
Lu
Muito bom Cá, e ser mãe é também ter sensibilidade ( e fazer muita terapy) para entender e perceber que algo está acontecendo com nossos pimpas e que este ou aquele comportamento querem nos dizer algo... aliás papo pro almoço, sim prefiro almoço...rs, te mando msg, muito assunto nega! vc nem sabe....beijo!
Que gracinha! Adorei sua postura com o comportamento da pequena! Realmente as crianças passam por essas regressões, principalmente quando vivenciam uma mudança significativa, como a chegada de irmãos. Estou para ver como será por aqui quando mudarmos de casa... espero que Bento se adapte bem!
bjocas
oi Camila, Parabéns pelo Blog ele é lindo, e sempre o acompanho, agora consegui fazer a senha para ser sua seguidora. Um grande abraço.
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