Eu já contei que as crianças andavam encantadas com o filme “As Crônicas de Nárnia” e viviam “encenando” o filme por aqui. Basicamente, subiam nuns cavalinhos de pau, pegavam uma vassoura e um rodo de brinquedo da Manu , saiam correndo e gritando “por Nárnia! E por Aslan!”.
O meu sogro presenciou uma dessas cenas e resolveu comprar uma espada de brinquedo para o Joaquim e o Pedro. Rodou, rodou e rodou, demorou, mas finalmente encontrou uma espada de espuma que eles amaram, não largam de jeito nenhum e brincam muito.
Daí, que surgiu a discussão: porque essa dificuldade em comprar uma espada de brinquedo? E arminhas? Revólveres? Podem notar, não tem muito por aí, não.
E eu, como sempre bem chata e implicante, ponho a culpa no politicamente correto.
Uma criança brincar com uma espada ou uma arminha de brinquedo faz dela um bandido? Um delinqüente em potencial? Desperta a agressividade?
O meu ponto e crítica é sobre essa tendência em geral de reprimir de toda e qualquer forma as agressividades infantis. Mas a agressividade faz parte do ser humano, desde criança, independente de espada, arma ou faca.
O bebê já expressa a agressividade através das famosas mordidas e aposto que faz isso muito antes de saber o que é uma arminha de plástico ou de brincar com uma espada. E em todas as fases da vida, haverá e deve haver expressão da agressividade, porque isso é natural e humano. O que não é natural são os excessos. Obviamente, nem preciso dar exemplos, pois vemos esse tipo de notícia diariamente.
Não me lembro de ter brincado com arminhas, espadas e afins, os meus brinquedos eram praticamente femininos (outra questão do politicamente correto!), mas xingo e buzino no trânsito e, às vezes, não dou passagem para alguém de propósito.
Isso é (até) esperado diante de uma situação de raiva, mas tem medida e cabimento. Buzinar e xingar numa situação de stress é diferente de jogar uma criança numa lata de lixo ou de matar pai e mãe. Isso é agressividade em excesso, é doença, coisa que não é combatida pela ausência de determinados brinquedos nas lojas.
A agressividade é tão natural, que se não existe espada, uma criança bem mais inteligente e fantasiosa do que um fabricante de brinquedos transforma uma vassoura no seu “objeto de desejo”. Portanto, reprimir não é o segredo para combater a agressividade, principalmente, quando se trata de natureza humana. Pois, tudo o que é reprimido acaba “saindo” por algum outro lugar, entendem?
Contra os exageros, excessos e doenças, daí sim precisamos de ações mais específicas. Mas qual é o problema de uma criança querer brincar de caubói? Ou de super-heróis equipados com os mais variados tipo de armas? E quando eles pegam vários carrinhos, batem um no outro, imitando trombadas e acidentes entre eles?? Liberar a agressividade em carrinhos, pode, mas com espada, não?
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20 comentários:
polêmico, camila, bem polêmico.
eu tenho que discordar em relação às armas de fogo, posso?
explico: apesar de nunca ter lido uma pesquisa ou qualquer evidência que associe o uso de armas de brinquedo na infância a comportamentos violentos na idade adulta, simplesmente não consigo engolir um revólver dentro de casa.
ainda que seja de brinquedo.
creio que isso tenha MUITO a ver com a simbologia e com as lembranças e sentimentos que uma arma de fogo me traz.
frio no estômago e uma inexplicável tristeza.
uma vez estava na praia, ainda no rio, e vi uma criança brincando com uma réplica de revólver.
atrás de mim, um senhor comenta que "no brasil, brincar com um troço desses é , no mínimo, brincadeira de mau gosto."
talvez aqui em cingapura, onde não existem armas de fogo, a visão das pessoas seja um pouco diferente, já que a maioria nem concebe ter perdido alguém próximo por tiro de revólver.
ui, que comentário longo e dramático?
que bom que vc trouxe o assunto a tona, me ajudou a entender a antipatia que tenho, em relação as amas de brinquedo.
beijo!
roberta
http://piscardeolhos.wordpress.com/
Camila, eu tenho um sobrinho que aos 3 anos adorava aquelas armas de bala de espuma que vendem em toda loja infantil. No último natal, pediu ao papai noel do shopping uma metralhadora (que o vovó tá tinha comprado na Ri Happy que ficava em frente ao papai noel) e o papai noel disse simplesmente que não ia dar pra ele uma arma de fogo!
Resultado: o bichinho ficou decepcionadíssimo com papai noel! Porque pra ele aquela arma nao eh uma arma de fogo! É um brinquedo, com balas de espuma, pra ele atirar na parede ou no tio q gosta de rolar no chão com ele!
Minha cunhada reclamou e o shopping mandou outro papai noel ir na casa dele, com ajudante e tudo, levar um presente (um dinossauro).
Eu particulamente acho que faz parte do mundo masculino...que nao estimula agressividade coisa nenhuma! Pelo contrário, a não-repressão estimula o uso consciente, seja de arma, espada, o que for!O que deve ser observado é se a criança está brincando ou na intenção de machucar alguém. O que nao precisa bem de uma arma de espuma, né?
Beijosss
Adorei o postt, super tudo a ver!
OI! olha esse assunto é muito complicado viu? não sei se sou a favor ou contra desse tipo de brinquedo, tb tenho um bb de 11 meses que ainda não se interessa por essas coisas.. nao sei se sou careta,, mas acho que tb nao compraria essa tipo de brinquedo,.., axo q acabamos incentivando algo neles... não sei.. prefiro a imaginação deles com as vassouras..com os pentes rsrsrs ai ai.. mas é isso mesmo..ps> não fique chateada nao viu so temos opiniões diferentes rsrsr xeros
Nem fale de agressividade infantil, pq estou passando por uma daquelas fases em que minha filha só apanha...aff!!! Como ensinar, como conduzir??? Como pregar a NÃO-VIOLÊNCIA e ao mesmo tempo ensiná-la a se defender??
Em relação às espadas, revolveres e afins, eu acredito que, se apresentando de forma fantasiosa (ex. pistola de água colorida) FAZ PARTE do processo de crescimento e construção dos pensamentos da criança. Meu irmão é policial, mas nem de longe eu deixo minha filha ver a arma.. mas vou negar a existência??? Há um certo exagero sim, mas cabe a nós, pais mediar isso ai para que nossas crianças não fiquem privadas dessa gostosa brincadeira!
O que eu não daria de jeito nenhum para minha filha é um estilingue...digam ai?
http://www.vivendoavidacomoelaeh.blogspot.com/
Bjo
Adorei o post!!!
Sinceramente, acho que quando a criança demonstra sua agressividade através do brinquedo - representa - está podendo elaborar ali algumas questões e tende a não colocar na ação o que a chateia. Se uma criança brinca que mata, fere e luta, e elabora sua agressividade, não vai fazer isso na prática. O problema é que se ela brinca, brinca, e não consegue elaborar, vai reproduzir isso na vida real.
Bjs
Sabe que eu nunca gostei muito de armas de brinquedo, pensando agora com filhos, pq qdo era criança eu brincava muito com meus primos com armas de bolinhas e nenhum de nós se tornou agressivo com isso, mas ontem passei por uma situação que me incomodou foi os filhos do vizinho com uma metralhadora de madeira feita pelo pai deles e ficaram nos apontando e fingindo atirar!
Em tempo, esses meninos dois que têm no máximo 5 anos, infelizmente passam o dia na rua, brincando entre os carros, jogando pedras e matando passarinhos com estiligue!
Por isso chego a conclusão que não resolve tirar o brinquedo e sim orientar nossos filhos sobre o que é certo.
Bjos
Ana
http://amaedosgmeos.blogspot.com/
Oi Camila! É uma questão complicada mesmo. Acredito que hoje em dia as armas de brinquedo sejam vistas com maus olhos por conta da própria exposição de situações de violência na mídia. Na época que éramos pequenas não viamos este tipo de coisa com facilidade por ai.
Tb acredito que tenha que ter uma válvula de escape para liberar a agressividade que, principalemente nos meninos, é algo quase que incontrolável. Cabe a mãe que conhece seu filho a melhor forma de estimular isso.
Eu até comprei uma espada de plástico para o Italo e ele ficou todo prosa com ela aqui mas durou pouco: de vez em quando ele acertava a espada na irmã porque ela o estava chateando... Eu mandei a espada para o reciclável e prometi colocar outro brinquedo no lugar, vou comprar a de espuma...
Pois é,... complicado,.. Num primeiro momento, meu impulso é: que loucura, arma de brinquedo para crianças! Mas, olhando sob os aspectos que tu comentaste, e, sobre o que a Carol Passuelo colocou, me fez refletir e lembrar: quando era pequena, pré-adolescente, eu e meus três irãos ganhamos uma arminha de pressão!!!! Sim, arminha de pressão, com aqueles chumbinhos que, dependendo das mãos, poderia ser muito perigoso! Mas nós nunca utilizamos aquilo de forma agressiva, pelo contrário, nossa brincadeira era tentar acertar a latinha, e tínhamos plena consciência que passarinhos deveriam ficar voando mesmo ou curtindo um galho de árvore! Hoje, certamente eu não daria um presente desses aos meus filhos (arminha de pressão). Não julgo meus pais, pois aquela era OUTRA ÉPOCA. Não sei se daria uma espada, até porque não chegamos ainda nessa fase, mas certamente isso deve fazer parte da fantasia de uma criança, principalmente dos meninos... E, se for passado de forma lúdica, sem aquela vontade de matar,... e sim, simplismente competir,... aí sim, acho que não tem problemas... Sei lá,... difícil, né? Bjos
Sempre o bom senso dos pais é importante!Bia adora assistir o filme da Barbie As mosqueteiras e em uma festinha junina ela escolheu uma espada como brinde!Não incentivei,mas tb não proibi quando ela pediu!
Melissa
http://viveraprendendo-mell.blogspot.com
Olha eu posso dizer que concordo com tudo que vc falou, acho mesmo muita hipocrisia isso... Eu, como sempre fui meio moleque quando era pequena, brincava com meus primos de policia e ladrão, e eu usava armas, e eu sempre queria ser o ledrão (achava mais legal, além do mal se vestir melhor.. kkk) mas nem por isso eu saio por ai roubando hoje em dia... sei la... como vc disse, exagero, eu compro, eu deixo os meus bricarem com arminhas..
Já brinquei muito com arminhas de brinquedo com primos e amiguinhos, hoje tenho 26 anos e não me considero uma pessoa agressiva... isso faz parte da infancia, fantasiar faz parte desse processo... e se não tiver arminha de brinquedo, as crianças procuram algo parecido e na mente delas aquilo se torna mesmo uma arma ou uma espada... e ai?? vamos arrancar o direito de fantasiar das crianças?? impossível!
Tenho um bebe de quase 3 meses e quando crescer um pouco não vou restringir esse tipo de brinquedo...
Pior são as crianças que por exemplo dos pais se tornam agressivas e ai nem precisam de arminhas, basta ter mãos e pés pra bater em seus amiguinhos.
bjs
oi Camila querida! Você como eu sendo psicóloga sabe o que essas crianças passam com relação a agressividade que precisam colocar pra fora!
Tem sido muito comum crianças no consultorio que são encaminhas por causa da agressividade, mas se você ver o histórico da criança, são sempre muito tristes, pais separados, madrastas que batem, ou até mesmo os prósprios pais que dão castigos terríveis. E ai, pergunto, como essas crianças vão colocar pra fora esses problemas que enfrentam diariamente em casa?
Temos que passar aos pais de hoje a importância da educação, do amor, e do respeito ao outro.
um forte abraço
Regina
Oieeeeeeeeeeee..... adorei o post..... eu sempre fui contra a esta proibição... acho que a criança tem sim que ter os brinquedos que quiser e puder ter, independente de ser arminhas ou espadas, eles tem que conviver com tudo e cabe a nós saber ensinar o que é certo ou errado, qual é o limite pra tudo..... Por ex. os famosos palavrões.... há mães que proibam que falem palavrões perto dos seus filhos, Ok eu não acho certo sair falando baixarias, mas infelizmente o mundo não é nosso e as crianças não vão viver trancadas, então cabe a nós saber explicar que eles convivem com isso mas não devem fazer o mesmo pois é errado e eles são crianças, e não excluir os palavrões da vida da criança, LIMITE... o mesmo com as armas, saber explicar o que é brincadeira e o que errado, o que é maldade e o que ela causa na vida real....
Minha tia essa semana retirou todos os jogos violentos do meu priminho, motivo: ele estava ensenando demais depois dos jogos, então ela disse essa semana vc fica sem os jogos pra aprender que é só videogame e se eu te pegar denovo batendo em tudo, ou em algum colega imitando esses jogos, eu coloco tudo no lixo, vc tem que saber diferenciar o que um jogo de videogame e o que é vida real. ( ele tem 9 anos e entendeu bem o recado, por sinal o meu primo é muito elogiado por sua educação)
Hummm que assunto difícil né? Acho que tudo está na educação e na atenção que temos em perceber como os nossos filhos brincam e extravasam a violência. Tb detesto esse politicamente correto, pq não ajuda em nada! Tendo a acreditar que essas brincadeiras são catárticas. Se você extravasa de forma lúdica, compreende e se livra da agressividade de uma maneira positiva.
bj
Rê Senlle
http://umavidamaisordinaria.blogspot.com/
Oi Camila!!!
Eu concordo com você. Tem pais que não deixam a criança brincar com "nerfs" e vivem em um pé de guerra, com direito a palavrões horríveis dentro de casa, entre outras "coisas".
A única coisa que me preocupa na fase que meu filho está são alguns jogos de video game que tb são violentos demaaaaais, não que eu acho que jogar ou não vai fazer dele um sociopata como os que vc citou, mas só a "excitação"das crianças com alguns tipos de jogos me preocupa um pouco, apesar do meu filho gostar mais de jogos de futebol, Mario Bros, etc...Mas conheço meninos da idade dele que jogam o tal "GTA" (que é um jogo que os ladrões matam velhinhas entre outras coisas, as vezes ao som de funk dos pesados) diarimente, aí sim eu acho inadequado. Mas tb isso é fácil de resolver, aqui em casa esse tipo de jogo não entra.
Mas brincar de Nerf lá em baixo, polícia e ladrão, espada, etc... eu não ligo nem um pouco.
beijo
Adorei o post e estava com saudades.
Sumi... falta tempo.
Então, Cá.
Eu não gosto de arma alguma, até tolero as de água, vai, mas acho todas péssimas, inclusive espadas, talvez porque meu irmão ja levou uma bela espadada no rosto e machucou pra valer.
Mas a agressividade é demonstrada de várias maneiras, inclusive nos brinquedos.
Bjs e muitas saudades
Ju
Eu acho que esses assuntos a gente não deve nem incentivar e nem proibir.
Se a criança demonstrar interesse, devemos falar a respeito.
Tambem creio que uma arminha de brinquedo não transforma uma criança em marginal.
Os valores e a educação que a criança vai receber vão muito além disso.
Mas, mesmo assim, penso que se der pra evitar esses brinquedos, melhor ainda. Eu não ofereceria.
No dia que acontecer por aqui eu te conto... rs
BJos
Super de acordo Camila!
=D
Muito bom o ponto de vista, principalmente a parte da reprensão!
O mais importante não é fingir que não existe, mas dar as orientações certas, e claro, deixar que a criança se expresse, e aprenda!
Beijo!
Os pais devem estar atentos aos filhos o tempo todo, e interferir quando for preciso em suas brincadeiras e atividades. Precisamos educar cognivamente e emocionalmente nossos filhos, e para isto, precisamos ensinar a busca do equilíbrio das emoções. Sempre me refiro a isto quando ouço as mães dizendo que batem em seus filhos, pois na verdade, elas não encontraram o equilíbrio de suas emoções e não ensinaram isto para os seus filhos.
Mas, voltando ao assunto, você já parou para pensar na diferença das funções de um carro e uma espada?
A forma como a criança brinca com o carro poderá ser orientada pelos pais, no entanto , qual a orientação que você dará para seu filho após o ter permitido ele usar uma espada ou um revolver de brinquedo?
Camila, deixo esta outra pergunta para você responder, e vou parar por aqui , senão acabo escrevendo um texto.
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